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Industrial Biotech

Jan 31, 2023

Embora os consumidores possam não se aperceber, a biotecnologia está presente no seu quotidiano, em diversos materiais, produtos e processos.

A Biotecnologia Industrial corresponde à aplicação da biotecnologia para o processamento sustentável, utilizando enzimas, microorganismos e matérias primas renováveis, sendo uma das principais ferramentas para enfrentar desafios globais como poluição e as alterações climáticas. Os produtos gerados abrangem uma ampla gama de áreas, como a indústria química, indústria farmacêutica, nutrição humana e animal, pasta e papel, têxteis, energia ou materiais e polímeros.

A Biotecnologia Industrial aumenta a produtividade e utiliza menos energia e recursos (àgua e produtos químicos tradicionais); reduz as emissões (incluindo gases com efeito estufa) e a utilização de combustívieis fósseis; gera menos resíduos e é um instrumento essencial para o tratamento e reutilização dos resíduos gerados. Hoje, é uma das principais ferramentas para enfrentarmos desafios globais como a poluição e as alterações climáticas.

O papel económico e ambiental da Biotecnologia Industrial é histórico e já nos anos 70 resolveu a crescente poluição das águas com fosfatos dos detergentes da roupa, através do desenvolvimento de enzimas que removiam melhor as manchas das roupas que os fosfatos, substituindo-se assim um material poluente por um aditivo de origem biológica não poluente com melhor desempenho do produto final.

Nos últimos anos, a importância da Biotecnologia Industrial tem sido crescente devido à substituição de diversos processos convencionais e ao desenvolvimento de novas técnicas de fermentação, à conceção de novos biorreatores e a progressos na engenharia genética.

Os desafios atuais da Biotecnologia Industrial devem-se, em parte, às limitações atuais do conhecimento científico e das ferramentas moleculares e analíticas disponíveis, não se conhecendo ainda todos os genes, proteínas e metabolitos, nem toda a complexidade do seu funcionamento individual, da forma como interagem entre si ou como se comportam quando o sistema é perturbado genética ou ambientalmente; e em parte à influência das forças sociais, políticas e de mercado. Outros desafios incluem a necessidade de instalações de produção em grande escala e o investimento público e privado necessário para sustentar este desenvolvimento.

Assim, ecossistemas como o Biocant Park, dotados de infraestruturas e plataformas tecnológicas de topo têm um papel fundamental no desenvolvimento das iniciativas empresariais neste setor. Por exemplo, o parque possui desde 2010 uma unidade biopiloto, assente no desenvolvimento de processos fermentativos e está nesta fase a reforçar a sua unidade de Biotecnologia Industrial contemplando um investimento superior a 4 milhões de euros. A par com este investimento, o parque tem apostado no desenvolvimento de um forte núcleo de bioindústrias, uma área destinada às empresas de biotecnologia com necessidades à escala industrial, criando assim uma oferta diferenciadora, muito apelativa para as empresas deste segmento.

O futuro apresenta-se repleto de desafios, como a produção de proteínas alternativas de origem não animal e outros substitutos alimentares ou ingredientes, desenvolvimento de biocombustíveis, produtos químicos de base biológica e bioplásticos. O Biocant Park e, por conseguinte, a região Centro e o país estão cientes destes desafios, mas também das oportunidades, e estão preparados para dinamizar e fortalecer o ecossistema naciona da Biotecnologia.

 

Artigo de opinião escrito por Joana Branco, diretora executiva do Biocant - Associação de Transferência de Tecnologia, e publicado no Diário de Coimbra. Este artigo de opinião é parte integrante do projeto BiotechSTARS, cofinanciado pelo Centro 2020, Portugal 2020 e Fundo Social Europeu (Centro-04-3560-FSE-072507).